Enquanto o lítio reina absoluto nas baterias recarregáveis, apesar de ser um elemento raro, uma pesquisa feita na China apresenta uma inovação promissora: uma bateria de cálcio-oxigênio (Ca-O2) com potencial para superá-lo. O cálcio é 2.500 vezes mais abundante que o lítio e, se a tecnologia se firmar, trará vantagens ambientais e econômicas significativas.
O estudo, publicado na revista Nature, destaca que a bateria Ca-O2 tem alto potencial de armazenamento de energia, mas até agora não se conseguia fazer uma versão recarregável que funcionasse em temperatura ambiente. O problema está na complexidade da reação química entre os elementos, que não era estável o suficiente.
Os pesquisadores chineses encontraram a solução em um novo eletrólito líquido capaz de acomodar tanto o “ânodo de metal de cálcio altamente redutor” quanto o oxigênio (O2). A bateria funciona com uma reação redox reversível de dois elétrons, formando peróxido de cálcio (CaO2) como produto da descarga.
Mas a inovação não para por aí: a equipe adaptou o design para aplicações em eletrônicos vestíveis. A tecnologia é estável no ar, mesmo dobrada entre 0 e 180 graus, e pode ser transformada em fibras flexíveis. Utilizando uma máquina trançadeira comercial, os pesquisadores criaram um “têxtil de bateria” flexível.
Segundo os cientistas chineses, esta bateria poderia ser usada em sistemas vestíveis de última geração, oferecendo uma alternativa mais sustentável às opções baseadas em lítio. As baterias de cálcio têm potencial para serem mais baratas, seguras e com capacidade de armazenamento similar às de lítio.
Leia também: LG mostra sua TV a bateria com suporte dobrável e uma TV OLED ocultável
Porém, é importante ressaltar que a bateria Ca-O2 recarregável ainda está em fase de prova de conceito. De acordo com o pesquisador Alexandre Ponrouch, especialista em baterias, a ampla utilização pode demorar décadas. Um dos desafios atuais é a baixa eficiência energética, ou seja, é preciso muita energia para carregá-la comparado ao que ela libera para o dispositivo.
Mesmo com os desafios, a pesquisa demonstra um caminho promissor para baterias mais sustentáveis e acessíveis, aumentando a expectativa para o futuro dos eletrônicos vestíveis e do armazenamento de energia em geral.
