Num salto revolucionário em direção à energia limpa, o maior e mais avançado reator nuclear de fusão experimental do mundo foi inaugurado em Naka, Japão. A instalação, conhecida como JT-60SA e localizada no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Quântica e Radiológica, representa um marco nos esforços contínuos para explorar a energia de fusão – uma tecnologia que promete uma fonte de energia livre de carbono.

A fusão, um processo diferente da fissão utilizada em usinas nucleares, replica o princípio que alimenta o Sol e as estrelas. Na fusão, núcleos de hidrogênio se fundem para formar hélio, liberando luz e calor no processo. Ao contrário da energia nuclear, a fusão é intrinsecamente segura, com a reação interrompendo quando o suprimento de combustível ou a fonte de energia é desativada, e evita a geração de resíduos radioativos de longa vida.

O maior reator de fusão nuclear do mundo

O reator JT-60SA, uma máquina colossal em forma de rosquinha com seis andares chamada tokamak, abriga bobinas de campo magnético que confinam partículas de plasma. Esse confinamento permite que o plasma alcance as condições necessárias para a fusão, representando um avanço significativo na ciência da fusão. Cientistas e engenheiros têm explorado a tecnologia de fusão desde a década de 1950, e agora ela é considerada um componente fundamental no esforço global para transição para fontes de energia sustentáveis e ecologicamente corretas.

Matteo Barbarino, especialista em Fusão Nuclear do IAEA, destacou o impacto potencial da energia de fusão, afirmando: “Quando for realizada, a fusão beneficiará todos os países e funcionará ao lado da energia nuclear e outras formas de energia sustentável, apoiando a mitigação das mudanças climáticas e contribuindo para a matriz energética”. Suas observações fazem parte de um relatório publicado no início deste ano pela Agência Internacional de Energia Atômica.

O projeto JT-60SA, uma colaboração entre a União Europeia e o Japão, é parte do ITER (Reator Experimental Termonuclear Internacional), uma iniciativa ambiciosa envolvendo 35 nações. O ITER tem o objetivo de construir o maior tokamak do mundo, com o JT-60SA servindo como um banco de testes para o projeto maior.

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Esta instalação de última geração utilizará hidrogênio e seu isótopo deutério para realizar experimentos sobre a estabilidade do plasma e seu efeito na produção de energia. Sam Davis, o líder adjunto do projeto JT-60SA, expressou confiança de que o dispositivo “nos aproximará da energia de fusão”. Com mais de 50 tokamaks atualmente em operação em todo o mundo, o Departamento de Energia dos Estados Unidos reconhece os tokamaks como o principal conceito de confinamento de plasma para futuras usinas de energia de fusão.

A inauguração do JT-60SA marca um momento crucial na busca por soluções de energia sustentável e limpa, prometendo um futuro onde a energia de fusão desempenha um papel fundamental em atender à crescente demanda mundial por energia, ao mesmo tempo que mitiga o impacto das mudanças climáticas.

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