O Laboratório Europeu de Física de Partículas, conhecido como CERN, está avançando em seus planos para a construção do Future Circular Collider (FCC), o próximo grande acelerador de partículas do mundo. Após o sucesso do Grande Colisor de Hádrons (LHC), que desempenhou um papel crucial na descoberta do bóson de Higgs, o CERN agora busca explorar novos fenômenos na física.

A proposta do FCC, revelada em 2020, está atualmente em processo de revisão de meio-termo para o estudo de viabilidade. Segundo anúncio do CERN, estima-se que a construção do FCC custará €20 bilhões (cerca de $21,5 bilhões de dólares), e a máquina proposta teria uma circunferência de 91 km, possibilitando a colisão de partículas subatômicas a uma energia máxima de 100 teraelectronvolts (TeV).

Membros do CERN estão engajados em discussões sobre os planos de construção do FCC, uma máquina descrita pela cientista Tara Shears (membro do experimento LHCb no Grande Colisor de Hádrons) como maior, mais rápida e mais poderosa que o LHC. Se aprovado, a diretora do CERN, Fabiola Gianotti, afirmou que o novo acelerador de partículas servirá como o “microscópio mais poderoso” já construído, facilitando o estudo das leis naturais em escalas mínimas e nos níveis de energia mais altos.

O CERN procura obter aprovação para os planos de construção do FCC nos próximos cinco anos, com a expectativa de iniciar os primeiros experimentos na década de 2040, após a conclusão das operações do LHC. Shears mencionou que os cientistas do CERN estão atualmente realizando um estudo para avaliar a viabilidade do acelerador, com os resultados esperados até 2025. A decisão final sobre a fase de construção do FCC poderia ser alcançada até 2028.

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O FCC é esperado para lançar nova luz sobre a natureza da matéria escura, energia escura e outros fenômenos misteriosos, potencialmente levando a descobertas científicas inovadoras na pesquisa em física de partículas. No entanto, a proposta de um colisor de partículas maior enfrentou críticas de David King, ex-conselheiro científico-chefe do governo do Reino Unido, que rotulou o FCC como uma ideia “imprudente” em um momento em que o mundo já está lidando com ameaças ambientais extremas.

Sabine Hossenfelder, pesquisadora do Centro de Filosofia Matemática de Munique, expressou ceticismo, afirmando que não há evidências de que o FCC necessariamente revelaria novos insights na física de partículas e no Modelo Padrão. Segundo Hossenfelder, a máquina de 91 km provavelmente ofereceria medições aprimoradas de algumas constantes já conhecidas dentro do Modelo Padrão, mas pode não contribuir significativamente para o conhecimento humano e a pesquisa científica, contrastando com o impacto do LHC. Ela sugere que os físicos de partículas precisam reconhecer que sua era pode estar chegando ao fim, com a física quântica emergindo como a próxima grande fronteira na ciência, onde o FCC pode não desempenhar um papel fundamental.

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